Os reajustes dos planos de saúde são um tema recorrente e sensível tanto para pessoas físicas quanto para empresas. Em muitos casos, os aumentos anuais superam a inflação oficial do país e afetam diretamente o orçamento de famílias e organizações. Mas o que justifica esses aumentos e por que eles variam tanto?
Dois índices exercem influência direta nesse processo: o VCMH, que representa a variação dos custos médicos e hospitalares, e o IGP-M, que mede oscilações nos preços da economia em geral. Entender o que esses indicadores representam ajuda a compreender como os planos de saúde são reajustados e a tomar decisões mais estratégicas na contratação e na manutenção do benefício.
O que é o VCMH?
O VCMH, sigla para Valor de Custo Médico Hospitalar, é um indicador que mensura a variação dos custos com assistência médica ao longo do tempo. Ele leva em conta os preços de consultas, exames, internações, terapias, materiais, medicamentos, entre outros itens que fazem parte do atendimento aos beneficiários.
Esse índice é calculado por instituições especializadas, como o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, e oferece uma visão realista da pressão de custos que as operadoras enfrentam para manter o serviço. Quando há um aumento expressivo no VCMH, é provável que as operadoras repassem esse impacto por meio do reajuste das mensalidades.
Diferente do IPCA, que mede a inflação geral, o VCMH foca especificamente no setor da saúde, onde os custos tendem a crescer acima da média nacional devido à incorporação de novas tecnologias, envelhecimento da população e maior frequência de utilização dos serviços.
E o que é o IGP-M?
O IGP-M, Índice Geral de Preços do Mercado, é um indicador tradicionalmente utilizado para correção de contratos de longo prazo, como aluguéis e alguns tipos de plano de saúde mais antigos, firmados antes da regulamentação da ANS em 1999.
Ele é composto por três indicadores:
- o Índice de Preços por Atacado, que representa 60 por cento do total
- o Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30 por cento
- o Índice Nacional da Construção Civil, com 10 por cento
Apesar de não ser mais o principal parâmetro para planos regulados após 1999, o IGP-M ainda aparece em contratos antigos ou em renegociações de planos coletivos. Seu comportamento volátil pode gerar aumentos expressivos e, por isso, é importante estar atento ao que o contrato prevê.
Como esses índices afetam os reajustes?
Nos planos individuais e familiares, o reajuste anual é definido pela ANS com base em uma combinação de fatores, incluindo a variação de custos médicos observada no mercado, que é diretamente influenciada pelo VCMH.
Já nos planos coletivos, especialmente os empresariais, a lógica é diferente. O reajuste é livre, ou seja, definido em contrato entre a empresa e a operadora. Nesse caso, a sinistralidade, a quantidade de beneficiários, o histórico de uso e a própria variação dos custos médicos servem de base para calcular o novo valor. O VCMH funciona como referência técnica nesse processo, e o IGP-M pode ser utilizado em contratos mais antigos, se estiver previsto.
Qual é o impacto para empresas e famílias?
Um aumento acima do esperado pode comprometer o orçamento da empresa e tornar o benefício menos acessível para os colaboradores. Já para famílias, o reajuste pode inviabilizar a continuidade do plano se não houver planejamento.
Por isso, é importante estar bem informado, compreender como os índices funcionam e revisar o contrato com frequência. Conhecer os direitos do consumidor também é essencial, especialmente se o reajuste parecer abusivo ou não for devidamente justificado.
Conclusão
VCMH e IGP-M são dois indicadores que influenciam diretamente os reajustes dos planos de saúde, embora atuem em contextos distintos. Saber como eles funcionam e quando se aplicam é fundamental para compreender a variação nos valores cobrados, planejar o orçamento com mais segurança e negociar de forma mais eficaz com as operadoras.
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